domingo, 31 de maio de 2015

My Funny Valentine de Bill Domonkos

My Fanny Valentine . Um filme de Bill Domonkos inspirado em Étant donnés de Marcel Duchamp (Musica de Wolfgang Amadeus Mozart). O filme usa cenas manipuladas do arquivo de filmes Prelinger Archive.


A short film by Bill Domonkos inspired by Marcel Duchamp's Étant donnés. Music by Wolfgang Amadeus Mozart (Soave sia il vento from the opera Così fan tutee). This film uses manipulated archive film footage from the Prelinger Archive.

Website: bdom.com


A note about copyright: All of my films use archive photos and film footage that are in the public domain. I only use music/sounds that are under the creative commons license or I purchase the rights to use a specific piece of music—or I have permission from the author.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Edgar Mancilla e o Sarau na Galeria

A ideia deste espaço para eventos culturais é de Edgar Mancilla. 

Ele fez as duas primeiras apresentações em uma galeria na cidade de Suzano e por causa de uma viagem a trabalho pediu ajuda à alguns amigos para organizarem o projeto durante sua ausência. 

Suas amigas Raquel Pereira e Ivonete Cavalcante se encarregaram da organização utilizando o mesmo espaço, determinação, alegria e generosidade do Edgar. 

Quando todos esperavam a volta de Edgar ele sofreu um acidente de automóvel e partiu para encantar outras dimensões. 

Nós fomos presenteados por esse menino grande, pássaro, índio, tocador e encantador... Assim nasceu o SARAU NA GALERIA!

Edgar Mancilla era músico, ambientalista e topógrafo. Imigrou da Bolívia para o Brasil aos 17 anos de idade. 

Na bagagem juventude, alegria, o grande sentido de amizade e instrumentos. Como toda criança boliviana aprendeu a linguagem auditiva das zamponhas. 

Contudo, foi no Brasil que descobriu sua grande afinidade musical. E o que o tornou diferente dos demais? O seu profundo amor à música! 

Sua versatilidade e intimidade com as zamponhas e quenas romperam as fronteiras ameríndias; estava sempre disposto a partilhar suas aptidões artísticas. 

Em junho de 2013, Edgar voou, como ele costuma dizer: tocar em outros cantos...

Atualmente o Coletivo do Sarau na Galeria é formado por Raquel Pereira, Thabata Vecchio, Di Catarino, Yago Luna, Victor Barros de Oliveira, Amaury Rodrigues e Luciana Pereira.

Hoje o Sarau na Galeria cresceu, fez novos amigos e amigas, recebeu inúmeros visitantes ilustres, ocupa outros espaços, mas continua bebendo da mesma fonte da alegria e generosidade das primeiras apresentações. 

Sarau na Galeria, sarau de todos nós.


segunda-feira, 25 de maio de 2015

A chuva (Garcia Lorca)


A chuva tem um vago segredo de ternura,
algo de sonolência resignada e amável,
uma música humilde se desperta com ela
que faz vibrar a alma adormecida na paisagem.

É um beijar azul que recebe a Terra,
o mito primitivo que torna a realizar-se.
O contato já frio de céu e terra velhos
com uma mansidão de entardecer constante.



É a aurora do fruto. A que nos traz as flores
e nos unge do sagrado espírito dos mares.
A que derrama vida sobre as sementeiras
e na alma tristeza do que não se sabe.

A nostalgia terrível de uma vida perdida,
o fatal sentimento de ter nascido tarde,
ou a ilusão inquieta de uma manhã impossível
com a inquietude quase da cor da carne.

O amor se desperta por gris de seu ritmo,
nosso céu interior tem um triunfo de sangue,
mas nosso otimismo converte-se em tristeza
ao contemplar as gotas mortas nos cristais.

E são as gotas: olhos de infinito que fitam
o infinito branco que lhes serviu de mãe.

Cada gota de chuva treme no cristal turvo
e lhe deixam divinas feridas de diamante.
São poetas da água que viram e que meditam
o que a multidão dos rios não sabe.

Oh! chuva silenciosa, sem tormentas nem ventos,
chuva mansa e serena de sineta e luz suave,
chuva boa e pacífica que és, a verdadeira,
a que amorosa e triste por sobre as coisas cais!

Oh! chuva franciscana que levas as tuas gotas
almas de fontes claras e humildes mananciais!
Quando sobre os campos desces lentamente
as rosas de meu peito com teus sons abres.

O canto primitivo que dizes ao silêncio
e a história sonora que contas à ramagem,
comenta-os chorando meu coração deserto
em um negro e profundo pentagrama sem clave.

Minh'alma tem tristeza de chuva serena,
tristeza designada de coisa irrealizável,
tenho no horizonte um luzeiro aceso
e o coração me impede que corra a contemplá-lo.

Oh! chuva silenciosa que as árvores amam
e és sobre a planície doçura emocionante;
dás à alma as mesmas névoas e ressonâncias

que pões na alma adormecida da paisagem!

                                Garcia Lorca

O infante (Fernando Pessoa)

I. O INFANTE  

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.  
Deus quis que a terra fosse toda uma,  
Que o mar unisse, já não separasse.  
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma, 

E a orla branca foi de ilha em continente,  
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,  
E viu-se a terra inteira, de repente,  
Surgir, redonda, do azul profundo. 

Quem te sagrou criou-te portugues..  
Do mar e nós em ti nos deu sinal.  
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.  
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
       
                                      Fernando Pessoa