sábado, 22 de agosto de 2015

Antonio Miotto é o escritor convidado do Sarau na Galeria - Edição de - Aniversário - Setembro

Desconfio que seja tênue a linha que separa uma apresentação duma confissão. Da primeira espera-se o enaltecimento, e da segunda, a verdade. Acontece que sem verdade não há apresentação que legitime algum enaltecer. Não posso menos, então, do que ser honesta.
Ao modo de quem proseia, lhes conto Antonio Miotto.
Fé minino, amigo, arteiro. De primeiro, dele só sabia os registros fotográficos que fazia (e já admirava), fotopoemas per-ambulantes nos saraus de SP – e, vez-quando, até nos esbarrávamos em alguns deles. Da retina lírica, um nada, até então.
Até então.
Me ocorreu que a gente pode circular uma vida em consonância com outras gentes, em ambientes idens, sem sabê-las. Talvez que falte aquele esbarrar que não é só o “ops, desculpa” do cotidiano, mas aquele que finda por virar a boa desculpa dos inícios. Pois. Mediados pela poesia – a culpada pela colisão – foi numa trombada com esse poeta-ciclista-fotógrafo-professor-ativista (ufa!) que passamos a nos saber: o acidente foi geográfico, palavra unindo gente feito istmo. Pelo brincar, pelo brigar e pelo ouvir sincero, Toni é dessas pessoas bonitas, que não passam sem ficar.
Quanto a seus escritos, o Miotto traz essa energia que tira de vir e ver a cidade. Entrementes, transborda em flashes poéticos as todas possibilidades dos encontros – entre frentes e gentes de luta, ergue o punho izquierdo e reconhece os seus.
Seus poemas são fotogramas de um filme chamado metrópole; seu eu-lírico-personagem persegue São Paulo sobre uma bike com ventos na cara e nos bolsos, memórias na bolsa, vontades infinitas de novas bagagens e uma Bella tatuada na vida.  Microrroteiros concisos que não são menos que poesia da urgência, grito que só quem é capaz de fotografar nosso tempo com calma desmedida consegue captar.
O lado que bate o coração tem voz.
Escuta:

                   Michele Santos

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